domingo, 20 de setembro de 2009

Claridade e clareza

Tenho a sensação de que dormi durante anos... séculos... Metaforicamente dormi mesmo...

Não consigo perceber se lá fora o dia está a começar ou se a claridade que entra no quarto resulta dos últimos raios de sol que iluminam o dia. Sento-me na cama. O músculos estão doridos. Até parece que estive numa batalha... Sim, estive mesmo. Agora lembro-me. Tento levantar-me e a dor que sinto faz lembrar-me também da presença daquele ferimento, cuidadosamente envolto numa ligadura por umas mãos desconhecidas. Não sei onde estou. Não reconheço nenhum canto deste quarto. Recordo-me vagamente de uma voz... um vulto... um rosto que não consigo identificar... Onde estou? Curiosamente, apesar do ambiente desconhecido, sinto-me bem. Por algum estranho motivo este lugar transmite-me calma...

Uma brisa fresca mas agradável entra pela janela brincando com a cortina numa dança ondulante. Consigo levantar-me. Agora vejo tudo com uma certa clareza. Sinto as amarras a quererem soltar-se... a ilusão a desvanecer-se. De repente tudo se torna demasiado claro e simples. Sinto força. Sinto vontade. Sinto...


Saio. Não muito longe vejo o mar e um areal que parece não ter fim. Avisto alguém bem perto contemplando o horizonte e dirijo-me na sua direcção... Não tenho muitas perguntas... mas quero as suas respostas...

5 comentários:

STP disse...

Viste um gajo bom na praia, let?

Mas lembra-te. Ele nada pode contra as minhas massagens ...

Um beijo do gajo que tá de banco hoje...

Vera disse...

Gajos bons na praia... Hmmm... nem por isso... Este ano esteve fraco. Talvez se tivesse ido mais vezes àquela praia que não existe, as coisas tivessem sido diferentes :P

Beijocas... e viva os bancos! (e a solidariedade de colega)...

P.S: Ai lixo-te lixo-te... :P

STP disse...

Praia que não existe? Qual? Aquela que eu te mostrei ... mas que não sabes ir lá ter? ahahah :D

Lixas? Mas lixas como? Tu tens é uma garganta do tamanho da gruta do presépio :P

james disse...

Mais um dia que termina. Observo o mar e o Sol que nele se afoga lentamente. Já se passaram algumas semanas e devia ter partido há algum tempo. Não, não o poderia fazer, deixando-a aqui moribunda e à mercê deles. Percebi-os por diversas vezes a rondar a casa. De longe tentavam, porventura, aproveitar uma brecha que lhes permitisse terminar o que antes não tinham conseguido. No início veio cada um por sua vez. Separados. Desde há alguns dias que vinham juntos. Como sempre ficaram ao longe, sem apearem. Observavam durante alguns momentos e depois partiam. Nunca dei sinal de que os percebia por perto.

Não. Decidi. Não a deixaria à mercê da crueldade desses seres egoístas que a feriram de morte. A sua vida dependia de mim e eu tinha de ficar. Ao longe o Sol já estava agora completamente engolido pelo mar. O céu vermelho em breve daria lugar às trevas. Apreciei a água fria acariciar-me os pés descalços. Fechei os olhos por breves instantes e senti alguém que se aproximava. Senti-a vir na minha direcção.

Abri os olhos e virei-me lentamente. Ficámos alguns instantes a olhar um para o outro. Os reflexos rubros iluminavam-lhe o rosto. A luz acentuava-lhe a beleza. Ajoelhou, fraca. Acorri e segurei-a nos braços instantes antes de perder os sentidos. Levei-a de novo para dentro. Deitei-a na cama, confortável.

Não, não a poderia deixar…ainda.

Vera disse...

... ainda?

:)