sexta-feira, 13 de agosto de 2010

"Crônica do amor"

"(...) Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então? Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome. Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. (...)"

Recebi hoje um email com esta crónica, e não deixou de ser engraçado. Acaba por ser um certo "discurso de perdedor". Uma auto-desculpa para um desejo obcessivo. Ou será que ele é um bandido, mas quando ele me bate, vejo que o "amo" de verdade!? Please... Se criamos a ilusão que atribui uma imagem de perfeição a um balde de esterco, e mesmo quando esse balde começa a atrair moscas varejeiras teimamos em afirmar que são borboletas coloridas, aí, estamos na merda (literalmente... lol!). Mas o Amor não dura para sempre se não cuidarmos dele. Vai-se transformando em pó como uma rocha que é consecutivamente golpeada. E quando o último grão de areia começar a flutuar no ar, quebra-se o feitiço, e percebe-se que realmente há coisas que têm de ser mimadas. No fundo, o Amor também ele próprio tem de ser amado!

Pegando nas palavras da crónica, posso dizer então, e com orgulho, que amo alguém pelos "referenciais". Eu amo alguém que partilha os mesmo gostos e os mesmos interesses comigo. Caso contrário, aquele pequeno pormenor de "eu gostar de rock e ele de chorinho", de "eu adorar praia e ele não", com o passar do tempo acabará por se tornar insuportável, entediante, no mínimo (isto porque o Amor é sempre um pouco menos tolerante do que a paixão...). Eu amo alguém que é "educado", que sabe falar, que sabe escrever (até há relativamente pouco tempo, nunca me tinha dado conta do quão "sexy" é uma boa educação e uma boa escrita). Eu amo alguém que "veste bem" (dentro daquilo que eu acho que é não vestir mal). Mas também amo "pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que ele me dá, pelo magnetismo, pelo jeito de sorrir e pelo beijo dele". Amo outra pessoa "pelas qualidades que ela tem, por ser honesto, simpático e não fumante" (de preferência... lol). Amo-o "pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera". O único problema é ser necessário ter a sorte de existir uma "conjunção estelar" que permita que ele sinta o mesmo...

"Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados."

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sadness

Às vezes dou por mim a pensar na estupidez que é a minha vida. Uma vida de estudante sempre a correr para chegar ao fim de um trabalho, para fazer um exame, para finalmente poder descansar 5 minutos até que venha o próximo trabalho e o próximo exame... Tem sido assim durante 25 anos... e infelizmente ainda faltam alguns. Ridiculamente, os melhores anos da minha vida já terão passado... ou fugido de mim. O tempo deslizou e continua a passar, caindo entre os meus dedos  como grãos de areia. Começo a olhar para o espelho e a comprovar que realmente o tempo não pára. Pensando bem, parece que ainda ontem estava a entrar em 2010, e já se passou mais de meio ano. Passa-se o tempo a desejar o Verão, a desejar as férias... mas quase já consigo cheirar o seu fim... E vendo bem, o que é que eu tenho no momento presente? Nada muito diferente do que tinha há uns anos... nem nada muito melhor... Noto as pessoas a ficarem mais velhas, e começo a ter medo de nunca lhes ter dito o quão importantes são para mim algumas delas... Falta de jeito talvez... Pode ser mais fácil assim, mas sei que o "nunca mais" traz sempre consigo o arrependimento. O mais triste de tudo é que tenho a certeza que daqui a um ano, dois, três ou quatro, vou sentir exactamente o mesmo que estou a sentir neste momento... um grande vazio sem propósito. 

Enfim... há coisas que nunca mudam...

sábado, 7 de agosto de 2010

Jamiroquai... again!

E lá fui eu a mais um evento repetido: o concerto de Jamiroquai no Sudoeste! Depois de uma viagem longa, com alguns enganos de percurso (para os quais os excelentíssimos agentes da autoridade contribuiram, ao mandar-nos parar numa pseudo-operação stop para tentar arranjar verbas às custas dos festivaleiros mais incautos), lá chegámos a meio de James Morrison. Deu para ouvir a única música que gosto dele (das poucas que conheço), a trincar um belo de um cachorro quente do Psicológico (o meu fornecedor de jantares no Alive). Colbie Caillat foi fraquita... mas para o estilo que é, também não se pode pedir muito. Comeu o seu queijinho, e teve o seu momento alto com duas músicas que não são suas, com a colaboração da voz de 2 elementos da banda. Tive pena de não ter chegado a tempo de Expensive Soul, pois tinha alguma curiosidade. 

Mas o melhor veio mesmo a seguir. Depois de me posicionar cirurgicamente na 2ª fila junto ao gradeamento, aparece o senhor da coroa de penas. O grande Jay Kay, esteve mais uma vez muito bem. Mais comedido do que das outras 3 vezes que o vi, não deixou de fazer um grande espectáculo. Desde Revolution 1993, passando por You give me something, Light years, Alright, Little L, When you gonna learn, Black Capricorn Day, Love Foolosophy, Virtual Insanity, Cosmic Girl, Canned Heat e terminando de maneira bombástica com Deeper Undergound, foram quase 2 horas de muita energia e boa música. Muitas músicas ficaram na algibeira, incluindo as do album Dynamite, mas para isso seria preciso ficarmos ali toda a noite (e ficava! :D). No final, com muito pó e já pouca relva, fica apenas no ar a velha questão... para quando um novo concerto em nome próprio no Pavilhão Atlântico?

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

As obras completas... again!

Fui ontem pela 4ª vez, e 14 anos depois da 1ª, ver "As obras completas de William Shakespeare em 97 minutos". Como já referi noutras alturas, gostei de todas as peças que vi da Companhia Teatral do Chiado, desde "O mocho e a gatinha", "As vampiras lésbicas de Sodoma" até à "Arte do crime". No entanto, esta é, até hoje, a que mais gostei de ver, pois faz-me rir do princípio ao fim. Desta vez, foi especial, pois foi a última representação desta peça pelo Simão Rubim, que deixa agora a CTC. Como tal, fiz questão de ir ver, pois penso que ele era o espírito da peça e muita da piada se vai perder com a sua saída. Não sei quem o irá substituir, mas tem o grande desafio de tentar chegar perto do nível de actuação do Simão.  

Mais uma vez, adorei. Desta vez a minha mala não foi parar às mãos do João Carracedo, mas fui vítima da "má disposição" da "Julieta"... Tive pena de terem encurtado a interacção com o público na parte do ego, super-ego e afins (sempre gostei do "Deixa-te de merdas Hamlet!...") e de não ter havido aquele momento de "stand-up" com o Simão no final. De qualquer maneira, foi mais um serão bem passado. Aguardarei por novos projectos, ficando o lamento de não ter ido ver esta peça mais vezes, porque fui sempre deixando para amanhã o que podia ter feito ontem...