sábado, 20 de setembro de 2014

Os Maias

Li "Os Maias" em plenas férias de Verão, pois era um livro de leitura obrigatória no ano lectivo seguinte. Nessa altura, eu ainda gostava de preparar as coisas com antecedência e, tendo em conta que era o livro mais extenso que iria ler até àquele momento, teria bastante tempo para o fazer. O inicio foi difícil, confesso, uma vez que, sendo uma pessoa muito objectiva, não sou propriamente grande fã de descrições demasiado detalhadas (e loooongas) de cenários... Mas depois de sobreviver ao Ramalhete, todo o restante livro foi delicioso. Na altura, a parte que mais me tocou e ficou na memória foi o último capítulo, sobretudo pelo seu simbolismo e pela reflexão sobre a vida feita por dois grandes amigos que sempre se conheceram e voltaram a reencontrar-se. Tudo pareceu simples e real e, apesar de muito nova na altura, e apesar do texto já ter uns bons anos, aquelas frases não poderiam fazer mais sentido. Só li o livro uma vez, mas ficou-me para sempre na memória onde estava o "ouro". Depois de ver o novo filme de João Botelho, fiquei com vontade de reler o livro, ou pelo menos o último capítulo. E de facto, hoje ainda faz mais sentido e me identifico com ele. 

Fiel ao livro (e talvez por isso tão bom), filmado com cenários impecavelmente detalhados permitindo a ausência de cenas no exterior, vale bem a pena ver a versão integral de 3 horas no Cinema Ideal. 

"E ambos retardaram o passo, descendo para a rampa de Santos, como se aquele fosse em verdade o caminho da vida, onde eles, certos de só encontrar ao fim desilusão e poeira, não devessem jamais avançar senão com lentidão e desdém."


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Lição do dia

Há pessoal muita estúuuuuupido.... A partir de agora acabou-se a preocupação e as correrias. Esperam e se é se querem!

sábado, 13 de setembro de 2014

Captain America's Syndrome

Por onde hei-de começar? Ora bem, há um ano que publiquei o último post neste canto dos desabafos. Talvez porque tem sido mais fácil desabafar noutros "cantos" mais rapidamente disponíveis, ou simplesmente porque não tenho tido vontade de vir aqui, tal como não tenho tido vontade de fazer outras coisas que antes me preenchiam o tempo. Mas hoje no ginásio (das poucas actividades que ainda me vou obrigando a fazer), no meio de várias divagações ajudadas pelas músicas que iam saltitando no meu mp3, apeteceu-me escrever. Apeteceu-me escrever aquilo que provavelmente já disse (e de certeza já pensei) anteriormente. A verdade é que passado um ano, aconteceram coisas na minha vida que alguns considerariam grandes mudanças. No entanto, para mim, sinto que é mais do mesmo e chego a uma única conclusão: o tempo apenas passa. Isso deixa-me angustiada. Provavelmente não me devia queixar, mas o problema é que não me alegro com a "desgraça" alheia e, tal como um amigo me disse um dia, o sofrimento dos outros não é mensurável. Cada pessoa tem um nível de tolerância à dor e um nível de satisfação. O que para muitos pode ser suficiente, para outros é apenas uma gota no oceano. 

Talvez seja insatisfeita por natureza. Isso e, tal como outro amigo também me disse, farto-me demasiado depressa das coisas porque, com a mesma rapidez, as consigo compreender e assimilar. Não é defeito, é feitio. Como se não bastasse, o mais grave é que sofro daquilo a que costumo chamar Síndrome do Capitão América. Estive congelada durante quase duas décadas e agora, com quase 35 anos, sinto-me como se estivesse nos 20, querendo viver o que é próprio dessas idades. Acontece que toda a gente apanhou o comboio e eu cheguei tarde à estação. O comboio seguinte só passou agora, mas vem cheio de pessoas e situações demasiado sérias e aborrecidas. Deixou de existir disponibilidade para tudo o que fuja da rotina das tarefas diárias. Já não há vontade para grandes aventuras. Afinal, no mundo dos adultos há que ser responsável e já existem demasiados assuntos dignos de preocupação. Os filhos, o trabalho, as contas para pagar, os almoços na casa dos sogros, as férias na época alta. A distância... a distância cada vez maior de quem vive nestes pequenos mundos alheado de tudo o resto... Por fim, cheguei à conclusão de que o que me faz realmente mais falta é o sentido de humor (inteligente) à minha volta. Parece que se diluiu com o tempo. Nestas idades já não há espaço para piadas non sense e palhaçadas. As pessoas já não compreendem, esqueceram-se de como era, ou simplesmente foram obrigadas a "amadurecer". Sempre foi muito inglório remar contra a maré... 

Só preciso continuar a sonhar e, sobretudo, a acreditar no sonho, esquecendo o que de facto sei acerca da realidade... 

Mas por agora, talvez publique mais alguns posts pura e simplesmente irrelevantes... :)