sábado, 13 de setembro de 2014

Captain America's Syndrome

Por onde hei-de começar? Ora bem, há um ano que publiquei o último post neste canto dos desabafos. Talvez porque tem sido mais fácil desabafar noutros "cantos" mais rapidamente disponíveis, ou simplesmente porque não tenho tido vontade de vir aqui, tal como não tenho tido vontade de fazer outras coisas que antes me preenchiam o tempo. Mas hoje no ginásio (das poucas actividades que ainda me vou obrigando a fazer), no meio de várias divagações ajudadas pelas músicas que iam saltitando no meu mp3, apeteceu-me escrever. Apeteceu-me escrever aquilo que provavelmente já disse (e de certeza já pensei) anteriormente. A verdade é que passado um ano, aconteceram coisas na minha vida que alguns considerariam grandes mudanças. No entanto, para mim, sinto que é mais do mesmo e chego a uma única conclusão: o tempo apenas passa. Isso deixa-me angustiada. Provavelmente não me devia queixar, mas o problema é que não me alegro com a "desgraça" alheia e, tal como um amigo me disse um dia, o sofrimento dos outros não é mensurável. Cada pessoa tem um nível de tolerância à dor e um nível de satisfação. O que para muitos pode ser suficiente, para outros é apenas uma gota no oceano. 

Talvez seja insatisfeita por natureza. Isso e, tal como outro amigo também me disse, farto-me demasiado depressa das coisas porque, com a mesma rapidez, as consigo compreender e assimilar. Não é defeito, é feitio. Como se não bastasse, o mais grave é que sofro daquilo a que costumo chamar Síndrome do Capitão América. Estive congelada durante quase duas décadas e agora, com quase 35 anos, sinto-me como se estivesse nos 20, querendo viver o que é próprio dessas idades. Acontece que toda a gente apanhou o comboio e eu cheguei tarde à estação. O comboio seguinte só passou agora, mas vem cheio de pessoas e situações demasiado sérias e aborrecidas. Deixou de existir disponibilidade para tudo o que fuja da rotina das tarefas diárias. Já não há vontade para grandes aventuras. Afinal, no mundo dos adultos há que ser responsável e já existem demasiados assuntos dignos de preocupação. Os filhos, o trabalho, as contas para pagar, os almoços na casa dos sogros, as férias na época alta. A distância... a distância cada vez maior de quem vive nestes pequenos mundos alheado de tudo o resto... Por fim, cheguei à conclusão de que o que me faz realmente mais falta é o sentido de humor (inteligente) à minha volta. Parece que se diluiu com o tempo. Nestas idades já não há espaço para piadas non sense e palhaçadas. As pessoas já não compreendem, esqueceram-se de como era, ou simplesmente foram obrigadas a "amadurecer". Sempre foi muito inglório remar contra a maré... 

Só preciso continuar a sonhar e, sobretudo, a acreditar no sonho, esquecendo o que de facto sei acerca da realidade... 

Mas por agora, talvez publique mais alguns posts pura e simplesmente irrelevantes... :)

4 comentários:

Vasco Ribeiro disse...

Não baixes os braços, miúda! Sem dúvida que os "adultos" são sensaborões em muitas situações. É tudo demasiado ordeiro e nada espontâneo, porém reside nas amizades, principalmente mais chegadas, o consolo de que tudo pode ter eternamente 20 anos de idade. Há vários acontecimentos na vida que nos fazem pensar na felicidade que tínhamos na adolescência ou na década dos 20 anos, mas depois parece que a realidade choca connosco (COM NOSCO), e nos faz saltar para o lado da responsabilidade excessiva, que não nos leva à felicidade. Viaja, sai, bebe (pouco, mas bebe), diverte-te, apaixona-te, sonha. Não desistas, ok?
Aproveita quem está por perto e vive a vida que sempre quiseste. Já chega o tempo que se perde à espera que algo aconteça.
Beijocas

Ps – Não fiques mais gorda, GORDA! LOL

Vera disse...

Não é por aí... Não são saudades do passado mas de algo que era suposto ter, não se teve, e que agora já é tarde para ter. Curiosamente, e a propósito d'Os Maias, é mais ou menos isto:

"(...) - E aqui tens tu uma existência de homem! Em dez anos não me tem sucedido nada, a não ser quando se me quebrou o faeton na estrada de Saint- Cloud... Vim no Figaro.
Ega ergueu-se, atirou um gesto desolado:
- Falhámos a vida, menino!
- Creio que sim... Mas todo o mundo mais ou menos a falha. Isto é falha-se sempre na realidade aquela vida que se planeou com a imaginação. Diz-se: «vou ser assim, porque a beleza está em ser assim». E nunca se é assim (...)"

Unknown disse...

Este post não é em nada irrelevante, pelo menos para mim toca em todas as palavras chaves, não me podia rever mais nas suas palavras, inclusive na minha cabeça ainda não atingi os 18 anos sequer... o que não me importa nada. Decidi que vou rir todos os dias, de mim, dos outros, de todas as situações ridículas que me são apresentadas diáriamente, vou preservar a estupidez inerente á adolescência que não vivi!! Aconselho a todos!! :)

Vera disse...

Bem, já não me sinto tão ET... Há mais como eu! :)